“As cidades crescem e nem sempre o crescimento é planejado.“
No hemisfério sul a ocupação espontânea (ou não planejada) supera muito o crescimento ordenamento proposto por urbanistas e planejadores que vislumbram um futuro ideal e geralmente utópico para cidades.
Curitiba teve um destino diferente.
Após o Plano Preliminar de Urbanismo (1965) coordenado pelo arquiteto Jorge Wilheim com a colaboração de uma equipe local, composta por jovens e brilhantes profissionais, Curitiba deixou de ser uma capital pouco conhecida no sul do Brasil para se tornar a protagonista em planejamento e inovação urbana.
Mas esta história muitos conhecem.
A proposta desta série de pequenos artigos é mostrar como se materializou o desenho elaborado pelo plano da década de 1960 e que transformações ocorreram na malha urbana de Curitiba após este período.
Havia uma cidade que crescia sob outras diretrizes, com um desenho próprio.Haviam também bairros tradicionais com identidades diversas.
O desenho das vias estruturais de transporte público homogeneizaram a paisagem urbana da capital, muitas vezes tirando a importância de marcos locais, como edificações históricas, edifícios simbólicos de algumas colônias de imigrantes, igrejas, escolas, entre outros.
O ônibus expresso foi o grande protagonista da cidade e o seu maior símbolo. Talvez, foi devido a isso que Curitiba se tornou tão conhecida mundo afora, uma cidade que privilegiou o transporte de seus moradores.
A proposta destes textos abrangem dois momentos históricos distintos que se complementam:
Implantação da via de ônibus na Avenida República Argentina, década de 1970 Fundação Cultural de Curitiba 
Avenida Paraná, década de 1970 Arquivo Público Municipal de Curitiba
01 – A gestão do prefeito Ivo Arzua (1962-1967)
Neste período foi implementado um processo de demolição e alargamento de algumas vias da área central. Nesse recorte vários edifícios foram demolidos possibilitando a ampliação de algumas ruas. Ainda hoje é possível perceber a descontinuidade urbana que algumas dessas demolições causaram na paisagem da cidade.
Demolição da Travessa Nestor Castro, 1970
Fonte:Fundação Cultural de Curitiba
Alargamento Rua XV de Novembro, década de 1960 Fundação Cultural de Curitiba
02 – A primeira gestão do prefeito Jaime Lerner (1971-1974)
Nesse período começou a ser implantada a estrutura urbana prevista no Plano Preliminar de Urbanismo (1965). Com o objetivo de criar os eixos estruturais de transporte diversas vias foram interligadas através da desapropriação de áreas privadas e da demolição dos imóveis existentes. Também foram demolidos e desapropriados algumas edificações da área central, devido a necessidade de interligar os eixos viários.
Proposta dos eixos estruturais
Fonte: IPUCC, 1965
Plano de demolição para o alargamento de ruas da área central Revista Panorama, nov. 1965
Ao longo destes textos irei mostrar uma cidade tradicional que existiu e que desapareceu, mas que deixou marcas na paisagem da capital, também mostrarei algumas cicatrizes que permaneceram.
Boa leitura!
