O MAIS QUERIDO
“No desviar de passos lentos e braços dados, ouve-se uma risada espalhafatosa, muitos cumprimentos, uma média e uma esfiha aberta para acompanhar, qual seria o andar?”
Considerado um dos prédios mais visitados do Centro, pode-se dizer que o Tijucas possui uma cidade própria, um conjunto misto com alas residenciais e comerciais, afamado por uma galeria onde percorrem cerca de dez mil pessoas diariamente.
O conjunto nasce no coração do Centro, em trecho conhecido como Boca Maldita, onde corre solto o burburinho da política e que em período de eleições se transforma em verdadeiro palco de campanha. A vocação política é tanta que segundo seus frequentadores, a “boca” tem voz até para derrubar candidato.
As histórias a respeito do prédio são inúmeras, desde fuscas que numa espécie de desafio passavam velozes em meio à galeria, quando ela ainda era aberta, ou jacarés que vez ou outra escapavam de um antigo restaurante de carnes exóticas. Na década de 70, ficou conhecido como o reduto dos alfaiates, tendo o maior número de alfaiatarias da cidade.
Uma das lendas do local conta justamente a respeito da aparição de um lobisomem alfaiate. Sarcasticamente, o Tijucas também é conhecido como “Tijogas”, por conta do elevado número de pessoas que acabaram se suicidando, atirando-se de seus andares.
Entre seus moradores, alguns personagens ilustres, Chacon é um dos mais irreverentes, cover do cantor Roberto Carlos há mais de quatro décadas; já a Dona Caetana foi síndica do prédio por trinta anos e conta com orgulho que nunca arranjou um inimigo. Por muitos anos ouvia-se tocar o trompete do Dr. José Carlos Mocelin ao fim das tardes. Hoje um dos pontos mais tradicionais da galeria é o “Kibe da Boca”, que atrai pela deliciosa esfiha de carne acompanhada de um molho apimentado.
O conjunto é composto por duas grandes torres, uma de 30 e uma outra com 21 andares. Ao todo, o Tijucas abriga 586 unidades entre apartamentos, salas comerciais e lojas. Os pórticos de entradas são marcados por um aramado de aço e vidro que levam no alto o nome do edifício e galeria. Enormes colunas de concreto revestidas com mármore branco ostentam a fachada posterior. A principal é marcada por varandas que se ressaltam sobre um fundo cor de tijolo.
Atualmente, um evento conhecido como Tijucão Cultural transborda toda a força que habita em seus andares, mobilizado pela iniciativa de um coletivo e pelos artistas locais, apresentando shows, intervenções e oficinas no intuito de expandir cultura e arte à comunidade.
Ficha Técnica
- Nome: Edifício Tijucas
- Ano de construção: 1958~1973
- Endereço: Rua Cândido Lopes, 289 Centro Coordenadas 25°25’53.2″S 49°16’29.8″W
- Arquiteto: n/i
- Tipologia: Misto residencial e comercial
- Andares: 30 pavimentos
- Unidades por andar: n/i
- Metragem: n/i
- Acessos: 2 acessos, o primeiro, com entrada pela Rua Cândido Lopes, conta com 21 andares de estabelecimentos comerciais; e o segundo bloco, de frente para a XV de Novembro, conta com 12 andares de estabelecimentos comerciais e mais 17 andares de apartamentos residenciais
- Estrutura: Concreto armado, vidro e aço
- Esquadrias: Aço
3 comments
Vocês fazem um bonito inventário de nossa paisagem urbana, vida longa ao projeto! Ah, seria muito interessante se vocês entrevistassem um morador desses ícones, com imagens dos apartamentos, é claro!
Olá Gabriela,
Agradecemos pelo seu comentário, e sim, é uma boa ideia entrevistarmos os moradores, é algo que está nos nossos planos. Porém, com esse momento difícil de quarentena fica mais inviável realizar.
Obrigada pela sugestão!
Excelente material para pesquisa e conhecimento da história de nossa Cidade.Parabéns !