Início » ARQUITETURA » Circulando pelo Teatro Guaíra

Circulando pelo Teatro Guaíra

por Washington Takeuchi

Palco ou templo da vida cultural e social de Curitiba, convivi com o Guaíra desde que cheguei à capital vindo do norte do Paraná. Ver e entrar no Guaíra pela primeira vez foi uma emoção para se guardar para toda vida. Lá acompanhei grandes shows, visitei exposições, vi as formaturas de grandes amigos, inclusive a minha própria e a da minha filha. O Guaíra é ponto de referência e para mim, um ponto afetivo que se une via rua das Flores à Praça Osório, onde morei por muitos anos.

No dia que fiz as fotos do interior do teatro em 2017, estava acompanhando um grupo de amigos artistas que foram desenhar o teatro por dentro e por fora. Foi muito especial poder com tranquilidade circular pelos balcões, plateia, palco, bastidores e apreciar suas lindas curvas, texturas, detalhes, perspectivas, cores e registrar um pouco disso tudo nessas imagens. As fotos do exterior com vista superior foram feitas em 2014 a partir do Edifício Marumby na Santos Andrade.

Em agosto de 1948, o governador Moysés Lupion, por meio da Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado do Paraná, lançou o edital do concurso para o anteprojeto do Teatro Oficial do Estado que seria construído no centro da Praça Rui Barbosa, que mais tarde passou a ser o terreno em frente à praça Santos Andrade, onde posteriormente seria construído o Teatro Guaíra.

Os projetos vencedores foram conhecidos no dia 22 de dezembro de 1948, na exposição realizada na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. O primeiro colocado foi o anteprojeto Sobriedade. O segundo foi o anteprojeto Aida. Em terceiro ficou o anteprojeto Alceste, de Rubens Meister e Eugênio Osvaldo Grandinetti.

O governo de Lupion chegou ao fim sem que nenhuma das propostas vencedoras tivesse sido executada, ficando à cargo de seu sucessor, Bento Munhoz da Rocha, eleito em 1951, a tarefa de executar o teatro.

Durante o mandato de Bento Munhoz da Rocha seria comemorado o Centenário da Emancipação Política do Paraná e para marcar essa data, uma série de obras foram planejadas com o objetivo de marcar Curitiba como uma cidade moderna, dentre elas o Centro Cívico, a Praça 19 de Dezembro, o Grupo Escolar Tiradentes, a Biblioteca Pública do Paraná e o Teatro Guaíra.

Bento Munhoz era amigo do então diretor da Embap, Fernando Correia de Azevedo, que fora um dos jurados do concurso de 1948 e um defensor do anteprojeto que ficou em terceiro lugar.

Rubens Meister foi convocado para conversar sobre o projeto do Teatro Guaíra. O projeto e a obra foram contratados através da Comissão Especial de Obras do Centenário. Meister fez as adaptações necessárias ao anteprojeto do concurso para o novo terreno, que era menor, e que deveria abrigar um teatro de maior capacidade. Muitas das características originais do projeto foram mantidas (como o arco parabólico da caixa cênica), incorporando, porém, um novo volume que posteriormente seria conhecido como Guairinha.
As obras foram iniciadas em 1952 e a sua grandiosidade foi um desafio em si. As inovações construtivas exigiram equipamentos até então desconhecidos em Curitiba, como um guindaste importado da Alemanha, o maior até então em operação no Brasil.

Para a comemoração do centenário em 1954 apenas o Guairinha foi inaugurado. Entre 1954 e 1965 foram realizados apenas serviços de manutenção e proteção à obra e também foram realizadas algumas apresentações e eventos no Grande Auditório ainda inacabado. As obras foram retomadas na década de 1960, porém em abril de 1970 com o teatro quase finalizado, houve um grande incêndio causando danos significativos. Em 1973 as obras foram retomadas e em dezembro de 1974 o grande auditório foi inaugurado e finalizando o projeto, em agosto de 1975 o mini auditório foi inaugurado.

O Teatro Guaíra foi a obra mais importante de Rubens Meister, dando à ele grande destaque nacional e também internacional. O Guaíra tornou-se um ícone da arquitetura moderna de Curitiba assim como um referencial na paisagem urnana da cidade.

Fonte:
“Rubens Meister Projeto e Obra”. Autores: Deborah Agulham Carvalho, Fábio Domingos Batista, Paulo Chiesa. Curitiba, PR: Grifo, 2019. Páginas: 87-109.

ARTIGOS RELACIONADOS

Leave a Comment

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.