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Dois edifícios de Rubens Meister no centro de Curitiba

por Felipe Sanquetta

Dando sequência as publicações sobre os edifícios da arquitetura moderna em Curitiba, vamos tratar dessa vez sobre dois projetos de Rubens Meister no centro da cidade. Formado em Engenharia Civil pela UFPR em 1947, chegou a cursar arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, mas não concluiu seus estudos. Foi um dos pioneiros na introdução das ideias modernas na capital. Seja pelas suas obras arquitetônicas que marcam a cidade, ou pela sua atuação docente com as novas gerações que viriam, tendo papel fundamental na constituição do primeiro curso de arquitetura do Estado na UFPR em 1962.

Complementou seus estudos realizando diversas viagens entre os anos 1950 e 1970 para a Europa e Estados Unidos, onde teve contato com a arquitetura dos grandes mestres como Le Corbusier e Mies van der Rohe, que tiveram grande influência na obra de Meister.

Nesse texto, vamos tratar de duas obras do período em que esteve sob maior influência das obras de Mies. Meister realizou diversas obras de edifícios com traços miesianos e apesar de não ter acesso a indústria do aço como os mestres europeus, acaba realizando suas obras em concreto armado, o que segundo ele, era a solução mais adequada a realidade brasileira.

O primeiro é o Edifício Avenida (1962), localizado em um terreno de esquina no calçadão da Rua XV de Novembro, em frente ao Palácio Avenida. Devido as reduzidas dimensões do lote (14x15m), ocupa toda a extensão com uma torre esguia de 20 pavimentos, sendo o térreo ocupado por unidades comerciais e os demais pisos por escritórios e serviços. Possui um núcleo de circulação vertical e conta com duas unidades por pavimento, que ocupam o perímetro em “L” da planta e podem se converter em um grande espaço contínuo.    

Após 5 anos, Meister projeta o Edifício Atalaia (1967) na Avenida Marechal Deodoro, uma lâmina também em terreno de esquina, que conta com térreo de unidades comerciais e os demais pavimentos ocupados por escritórios. Com um núcleo de circulação vertical central a torre gera duas unidades em cada ponta da planta e também podem se converter em um único espaço. Os dois prédios fizeram parte do grupo Bamerindus em determinados momentos da história de Curitiba.

Em ambos os projetos vemos algumas soluções semelhantes adotadas por Meister. Os dois estão localizados em esquinas e os partidos adotados evidenciam o entendimento da volumetria na terceira dimensão. Apesar de diferentes proporções, são compostos por volumes prismáticos sem a necessidade de um volume para o embasamento. Os pilares externos são revestidos por mármore branco marcando a fachada, e as esquadrias são moduladas e contínuas acentuando essa verticalidade. É evidente o contraste das rígidas linhas estruturais dos pilares, ainda mais com os detalhes dos peitoris esverdeados no Edifício Avenida e em granito ouro no Edifício Atalaia.

Com isso, é notável na obra de Meister o domínio da técnica, rigor construtivo e a experimentação de soluções adaptadas para o seu contexto local. Suas obras tiveram importante papel na construção da paisagem de Curitiba. Seja no âmbito público, como nos projetos da Rodoferroviária de Curitiba, Teatro Guaíra e do Centro Politécnico. Ou no âmbito privado, com os projetos de edifícios de escritórios, muito alinhados com o que se construía nas grandes metrópoles brasileiras e no exterior.

Fontes:
GNOATO, Luís Salvador. Arquitetura do Movimento Moderno em Curitiba. Curitiba, 2009.
XAVIER, Alberto. Arquitetura Moderna em Curitiba. Pini Editora. São Paulo, 1986.

Fotografia:
Pedro Pilati @pedropilati

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