Este é o primeiro post de uma série sobre a proposta desenvolvida pelo escritório onde eu atuo, Pagus Arquitetura, em colaboração com estudantes de arquitetura e urbanismo para a Mostra Bienal Arquitetura para Curitiba 2019.
Desde 2015, a Mostra promove a interação entre a academia e a sociedade ao convidar estudantes e arquitetos para juntos pensarem a cidade de Curitiba. Nesta terceira edição da Mostra, vinte e um escritórios de arquitetura juntamente com estudantes de nove escolas locais e cinco de outras cidades trabalharam a partir do tema “Cidade Presente, Cidade Ausente”.
O nosso tema surgiu da vivência diária que temos da cidade a partir do nosso escritório. A Pagus Arquitetura se localiza no Edifício Asa e nossa principal visual é o Edifício Villanova que fica do outro lado da rua. Nesta convivência à “Janela Indiscreta” de Hitchcock, em que vemos fragmentos da vida de nossos vizinhos, que surgiu a ideia de estudarmos as fachadas dos edifícios curitibanos. Partimos do princípio de que a fachada é a interface entre os espaços públicos e privados, e seu conjunto forma uma membrana que chamamos de “epiderme urbana”.
Buscamos explorar as diferentes identidades de Curitiba, não restringindo nossa leitura apenas à área central da cidade. Para formamos um panorama geral, recorremos aos diagnósticos desenvolvidos pelo IPPUC das 10 regionais que agrupam os 75 bairros da cidade. A partir dessa análise, estabelecemos como recorte de estudo 5 eixos viários relevantes de conexão urbana.
Como num método laboratorial, fragmentamos, selecionamos e isolamos elementos da epiderme urbana de cada eixo viário. Porém a seleção das fachadas foi feita de uma forma intuitiva, interpretativa e sem critérios rígidos, usando apenas como suporte nossas discussões em equipe e leituras sobre Curitiba. A seleção foi feita desta forma pois entendemos que a cidade não se estrutura apenas de elementos físicos, mas também da reunião de pessoas. Portanto, a cidade é um encontro de epidermes. O nosso objetivo era de reforçar tal encontro ao estimular a percepção crítica da membrana urbana e contribuir para o entendimento da dicotomia cidade presente e cidade ausente. Portanto, as 75 fachadas destacadas foram escolhidas por nos despertarem algum tipo de interesse, com relação aos contextos, escalas, estéticas, simbolismos, presenças e ausências.
O resultado desse estudo foi apresentado na exposição em três formas complementares: elevações, detalhes ampliados e índices de desempenho. Levantamos e desenhamos as elevações de todos os 75 fragmentos de epiderme urbana, e apresentamos elas na mesma escala para que os expectadores pudessem perceber o real dimensionamento das fachadas, muitas vezes imperceptível ao nível da rua.
Semanalmente iremos explorar cada um dos eixos viários e os fragmentos de epiderme, ou seja, as fachadas que estudamos ao longo de 2019.
Autores:
Mariana Steiner Gusmão
André Bihuna D’Oliveira
Aerin Maguian Sezoski Solak
Jeisiele Branco
Karina Tonetto Reis Maisa Domingues
Fontes:
– SCHEMBERG, Marília Santana. Hotel Tassi: O reuso de uma habitação transitória. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) – Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2018.
www.repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/12180/1/CT_DEAAU_2018_2_23.pdf
– TEIXEIRA, Elisabete Tassi. Hotel Tassi: o antigo hotel da estação.
– www.fotografandocuritiba.com.br/2016/02/hotel-tassi.html
– www.circulandoporcuritiba.com.br/2011/07/hotel-tassi.html