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O Rio de Janeiro em Curitiba

por Felipe Sanquetta

A vida em um apartamento durante esse momento em que estamos passando, pode muitas vezes nos fazer questionar os espaços em que habitamos. Ao passar mais tempo em nossos lares, seja trabalhando, se alimentando ou descansando, é ideal que tenhamos espaços para esses diferentes tipos de atividades. E mesmo tendo discussões sobre qual será a influência do nosso contexto atual na arquitetura, podemos encontrar na nossa cidade, alguns exemplares de projetos arquitetônicos de outros períodos que poderiam atender demandas futuras, pela fluidez das plantas livres, ambientes arejados e a possiblidade do controle de privacidade.     

Na Rua XV de Novembro, nas proximidades do edifício da Reitoria da Universidade Federal do Paraná, está localizado um dos edifícios mais expressivos de Curitiba. Esbelto e alto até mesmo se compararmos com empreendimentos mais recentes pela cidade. 

Projeto de 1971, o Edifício Rio de Janeiro é composto por uma torre prismática que flutua sob o terraço do embasamento térreo, o qual abriga a recepção e áreas comuns. Seu acesso se dá recuado por uma praça aberta com o mesmo piso em petit-pavé da calçada e sem barreiras físicas para a cidade.

A torre possui 25 pavimentos, com um apartamento por andar, de aproximadamente 250m² de área útil. A planta tipo com dimensões de 16x16m, conta com um núcleo de circulação vertical e acaba distribuindo áreas sociais, os dormitórios e as áreas de apoio/serviço em seu perímetro. E devido a concentração de sanitários e apoio/serviço em dois núcleos hidráulicos, dá maior liberdade para a planta livre e os espaços da vida.

Oito pilares são externalizados em relação a fachada, estão posicionados em pares em cada um dos lados da planta, conformando balanços duplos de 5m em cada lateral. A estrutura dos pilares e das lajes nervuradas é feita em concreto armado. As fachadas são compostas por revestimentos em mármore branco e esquadrias de alumínio industrializadas que conformam um único elemento contornando toda a planta, gerando aberturas panorâmicas para a cidade.

De autoria dos arquitetos Lubomir Ficinski Dunin, Luiz Augusto de Araújo Amora e Roberto Martins de Albuquerque. Pode se observar na obra destes arquitetos, projetos que se caracterizam pela elegante resolução estrutural, coerência na integração da arquitetura com a engenharia, pela experimentação e aplicação de materiais ligados a industrialização na construção civil.

Sendo assim, é pertinente olhar para esse prédio que ano que vem completará seus 50 anos, como um belo exemplar da arquitetura produzida em Curitiba. A resolução desse projeto é de tamanha relevância pela sofisticação em que foi concebido e executado. Sua expressividade faz parte do repertório dos arquitetos que o projetaram e continua por compor a paisagem urbana do centro da cidade.

Fontes:
VIANNA, Fabiano Borba. Estudo e evolução do projeto de plantas de apartamentos de Curitiba: 1943-2004. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011.
XAVIER, Alberto. Arquitetura Moderna em Curitiba. Pini Editora. São Paulo, 1986.

Fotografias:
Pedro Pilati ( @pedropilati )

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7 comments

Fabiano Borba Vianna 28 de julho de 2020 - 22:55

Caro Felipe, parabéns pelo texto e pelas belíssimas fotografias do Pedro Pilati. A obra de arquitetura do Prof Lubomir merece ser registrada e documentada.
Uma pequena correção na fonte citada, meu nome é Fabiano Borba Vianna, e não Fabio.

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Felipe Sanquetta 2 de agosto de 2020 - 20:22

Olá Fabiano, agradeço o comentário! O seu trabalho serve como uma grande fonte de informação e inspiração para a gente. Agora esta certinho!
Abraço, Felipe.

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eduardo 30 de agosto de 2020 - 18:59

Parabéns pelo site. Muito legal tudo. A informações e fotos em especial do drone. O prédio ao lado deste , anos 50-60 tem um cobertura sensacional ( antes deste puxadinho . Quando estava para alugar em 98 fui visitar só para ver como era dentro.

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Felipe Sanquetta 30 de agosto de 2020 - 21:02

Obrigado pelo comentário Eduardo.
Bem interessante essa informação, sempre gostamos quando nos trazem histórias com os prédios!
Não deixe de acompanhar as demais publicações do site!
Abraço, Felipe

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Thiago Klock 11 de dezembro de 2020 - 18:44

Estudava ao lado durante o Médio e sempre o contemplava pela janela do meu colégio, sem saber bem o que tanto me chamava atenção nesse projeto. Hoje, cinco anos depois, posso dizer que sua beleza com certeza tem influencias em eu ter escolhido a Faculdade de Arquitetura. Uma joia perdida no meio de tanta pobreza arquitetonica…
Otimo texto!

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Felipe Sanquetta 11 de janeiro de 2021 - 18:56

obrigado pelo comentário Thiago, ficamos felizes de saber da sua história!

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Antonio Theodorovicz 10 de outubro de 2021 - 18:48

Texto e fotos muito bons. Parabéns. Acabamos de comprar um apartamento no edifício. Encantou-nos a luminosidade e a vista da cidade de 360 graus.

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