Durante esse período, estamos refletindo sobre como aproveitamos nosso tempo livre e como as restrições de ocupação dos espaços afetaram nossas vidas. Com anseio pela volta de um resquício de normalidade, podemos lembrar que existem equipamentos dotados de boa arquitetura e que promovem o acesso a diversos serviços e atividades relacionadas a saúde, esporte, educação e cultura. Mas também é um grande espaço de encontro e convívio para as pessoas.
Ao passar pela via do biarticulado da Rua Fernando Moreira nas redondezas do bairro Mercês, pode se encontrar um dos mais belos edifícios com programa de atendimento ao bem-estar social em Curitiba. Localizado no cruzamento da Rua Visconde do Rio Branco com a Augusto Stellfeld, está o Centro de atividades SESC ou simplesmente, “SESC da Esquina”.
O projeto de 1980 é fruto de um concurso de arquitetura, de autoria de Rubens Meister e Elias Lipatin Furman. O edifício é composto por dois volumes: o menor, triangular em planta que abriga o teatro com acesso independente e uma torre recuada em relação à rua, com sete pavimentos que abrigam as demais áreas do programa.
O acesso da torre se dá por uma praça aberta e após a entrada pelo saguão do edifício, se tem acesso ao restaurante com pé direito duplo e a biblioteca ocupa o mezanino acima da cozinha. Do terceiro ao sexto pavimento se encontram as demais áreas de atividades, áreas administrativas e uma atividade importante do programa Sesc que são os atendimentos odontológicos. Por fim, no sétimo pavimento, está localizado o ginásio de esportes, com um generoso pé direito e cobertura leve.
Foto: Acervo SESC PR Foto: Acervo SESC PR Foto: Acervo SESC PR
De forma geral, os pavimentos da torre se organizam com um volume de circulação vertical principal conformado por uma torre em concreto armado aparente localizada na parte frontal do edifício, com um corredor central de forma longitudinal a planta, dispondo os ambientes perimetralmente. Externamente, existe uma circulação avarandada em cada fachada lateral que leva a escadarias de apoio.
Esteticamente, o projeto tem sua materialidade resolvida praticamente com dois elementos, como o concreto armado e a alvenaria de tijolos, ambos aparentes. Decisões projetuais características do período final da obra de Meister, em que seus projetos estiveram em constante diálogo com referências wrightianas, tanto na resolução técnica, quanto no uso dos materiais.
O SESC de fato é uma das instituições que mais investem em boa arquitetura no país, tendo unidades que são referências em projeto de arquitetura de equipamentos de uso público para o lazer e acesso a serviços, como o SESC Pompéia de Lina Bo Bardi (1986) e o SESC 24 de Maio de Paulo Mendes da Rocha + MMBB (2017). No Estado de São Paulo, nos últimos anos foram realizados diversos concursos de arquitetura para a construção de novas sedes na capital e interior. Em Curitiba, nosso exemplar de boa arquitetura é o SESC da Esquina (1980).
Fontes:
GNOATO, Luís Salvador. Arquitetura do Movimento Moderno em Curitiba. Curitiba, 2009.
XAVIER, Alberto. Arquitetura Moderna em Curitiba. Pini Editora. São Paulo, 1986.
Fotografias:
SESC Paraná & Washington Takeuchi
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