As manifestações Populares sempre existiram na história do Brasil e do Paraná, principalmente com a iniciativa estudantil Universitária.
Com a Ditadura Militar, mesmo com as repressões e perseguições elas ganham mais força e são expressadas não só em gritos nas multidões, mas também na arte, como na música, filmes, apresentações, pinturas, arquitetura e etc.
Mas da Ditadura para os anos 2000, elas acabaram perdendo a sua força matriz, acontecendo apenas pontualmente ou em grupos mais isolados.
Em 2013, tudo muda.
Com a exposição sobre vários escândalos de Corrupção na política brasileira, o povo chega ao seu limite e em junho desse mesmo ano, saem as ruas pedindo por uma nova política, um novo Brasil, e foi aí que as manifestações voltaram muito mais fortes que antes em todo país.
Em Curitiba, o estopim para essas manifestações foi o aumento da tarifa do transporte público, o qual tornou-se inviável para a maioria da população curitibana. Junto com ele, todo o cenário politico assustador que estava sendo revelado e o sentimento de injustiça levaram uma multidão até a Praça Santos Andrade para protestar.
A Praça virou ponto de referencia aos Curitibanos para as manifestações, desde 2013 ate hoje ela é ainda usada como espaço de manifesto para todos, pro-governo, contra governo, apoio aos professores e servidores, contra o Governador, Protesto pelo feminismo, a favor da Operação lava Jato, protesto pedindo explicações sobre corrupções, assassinatos, violência da PM, Médicos estrangeiros sem licença, violência contra pretos e o descaso do governo sobre o grande número de mortes de pessoas pretas.
Um espaço que antes era usado apenas por estudantes, hoje o cidadão Curitibano tomou para sí, para se expressar, para ter voz.
Mas porque a praça Santos Andrade? Porque as escadarias de concreto em frente à praça, abrigada pela edificação neoclássica da Universidade Federal do Paraná?
Em 1912 é fundada a primeira universidade do Brasil, a UFPR.
A iniciativa veio de Victor Ferreira do Amaral e Silva junto com Santos de Andrade (Governador do estado do PR de 1986 a 1990) e outros idealizadores.
Construída de frente para a Praça Santos Andrade, passou a ter grande crescimento do comercio e fluxo de estudantes, passando a ser um ponto de referência e de manifestações dos grupos intelectuais estudantis.
Com o passar dos anos, a região que antes era frequentado apenas pela burguesia Curitibana, passou a ser mais frequentada por toda população, principalmente por se tratar de uma região central.
Com a construção do Correios Telégrafo, a ligação com a rua de comércios XV de novembro, e posteriormente sendo construído o teatro Guaíra ao final da praça, a região acabou por se tornar um grande ponto focal, criando essa identidade aos curitibanos.
Logo, a praça Santos Andrade passou a homenagear grandes nomes paranaenses colocando seus bustos, virados para a Universidade. São eles (por ordem de colocação na praça): Doutor Joao Ribeiro de Macedo, Dr. Nilo Cairo, Professor Victor Ferreira do Amaral e Silva, Plinio Tourinho, Rui Barbosa, Padre Ildefonso Xavier Ferreira, Julia Wanderley, Mestre lysimaco, Ferreira da Costa, Santos Dumont, Santos Andrade e Lala Schneider.
Desde então, os Curitibanos encontraram ali um lugar onde podem se sentir a vontade para expressar suas opiniões e indignações, deixou de ser uma exclusividade da elite branca, mesmo que a maioria dos estudantes que frequentam o lugar sejam brancos, mesmo que a maioria dos homenageados na Santos Andrade sejam brancos, a maioria da população a usa e se sente pertencida, de alguma forma.
Abaixo conseguimos identificar o impacto das manifestações nos espaços públicos e em como eles trazem vida ao meio urbano.
É importante lembrarmos que a cidade é feita para as pessoas, por este motivo é essencial que o cidadão sinta-se parte dela e a ocupe, principalmente quando ela necessita ser palco para a voz do povo.
Fotografias:
Vinícius Moscato ( @vinimoss )
Giorgia Prates ( @giorgia.prates )
Jonathan Nenemann ( @jonathannenemann) )
Guilherme da Costa (@glhrmcst )
2 comments
E fotos das manifestações de direita? Cadê? Se quiserem, posso mandar algumas do meu acervo pra vocês!
Olá Marco, não precisa, mas obrigada! 🙂
Tenha uma ótima semana!