Cheguei em Curitiba em 1978 vindo do norte do Paraná com meus pais e minha irmã mais nova depois do meu pai aposentar-se e para estudarmos. Fomos morar no nono andar do Edifício Asa, no apartamento 901 da ala Osório. Minhas outras irmãs já moravam nesse apartamento desde o início dos anos 1970, quando vieram para fazer faculdade, formaram-se ou casaram e deixaram o apartamento para nós. Morei na Praça Osório por onze felizes anos.
Todos os prédios da Osório e a praça em si passaram a fazer parte da minha vida, onde eu circulava todos os dias. Levei todos os meus sobrinhos para brincar no parquinho da Osório (quando ainda existia o escorregador em forma de um robô), da minha janela via as pessoas trabalharem nos prédios comerciais e assistia aos jogos de futebol, quando as folhas das frondosas árvores caiam no outono.
Pouco mudou na praça nesse tempo todos. Os prédios mais icônicos continuam lá: o Stuart, o Asa, o Comendador Vasconcelos, o Moreira Garcez, o Santa Júlia e o Provedor André de Barros. Alguns mudaram de função (como antigo Cine Plaza), outros tiveram sua fachada modificada e poucos foram construídos.
A Praça Osório nasceu em 1874 e recebeu, em 1878, o nome de Largo Oceano Pacífico, recebendo seu nome atual em 1879. A praça é uma homenagem ao soldado Manuel Luiz Osório, Marquês do Herval, herói de várias batalhas durante a Guerra do Paraguai e Ministro da Guerra em 1878. Ganhou um coreto em 1914, construído pelo prefeito Cândido Ferreira de Abreu e demolido no início dos anos 50. Seu relógio, restaurado em 1993, relembra o primeiro lá instalado, e marca a hora oficial da cidade. Seu antigo repuxo foi transformado em fonte luminosa em 1962.
A Osório será sempre o meu quintal, a minha praça favorita em Curitiba, o lugar onde da janela do nono andar, sonhei meus sonhos de adolescente e dei meus primeiros passos da vida adulta.
Fotos: Washington Takeuchi – @wctakeuchi