Ao passar mais tempo em casa, refletimos sobre o morar e onde habitamos. Se os espaços poderiam ser mais arejados, a possibilidade de ter áreas ajardinadas e em determinados momentos ter controle sobre a nossa privacidade.
Quem passa pela Rua Sete de Abril na altura da interseção com a Avenida Sousa Naves, no bairro Alto da Rua XV, pode perceber no meio de empreendimentos mais recentes, um prédio que se destaca na paisagem pela sua volumetria e pelo uso de materiais de forma pouco convencional em edifícios residenciais. Projeto de 1976, o Edifício Frederico Seegmuller é um dos primeiros prédios dessa região da cidade. Seu partido se dá pela resolução da torre com três apartamentos por pavimento e pela sua composição de volumes avarandados que conformam cada unidade habitacional. Desintegrando uma solução convencional do prisma em uma volumetria dinâmica implantado em um lote compacto tipicamente urbano. Projeto de autoria dos arquitetos Carlos Emiliano de França e Sérgio Roberto Parada, cuja a sociedade construiu obras relevantes para a arquitetura local.
O ingresso ao edifício propunha um diálogo com a cidade, por meio de um acesso aberto para a rua, mas que atualmente foi gradeado. Seu térreo semienterrado que pairava sob o solo e conformado por um piloti, também abriga a garagem e áreas comuns. Ao fundo do terreno, o projeto previa um espaço ajardinado para playground.
As plantas do edifício são organizadas por três apartamentos de três dormitórios com área aproximada de 160m². O núcleo de circulação vertical no centro e com a definição do desenho das unidades, consegue se resolver a problemática de pavimentos tipo com três unidades sem gerar excesso de circulação, mesmo contando com somente uma escada e um elevador. As áreas sociais e dormitórios nas unidades estão sempre a norte e leste com acesso as varandas. Nota-se pelos croquis que o uso das varandas e floreiras, funcionariam como um filtro natural dos apartamentos com o externo, sendo perceptível a apropriação pelos moradores desse artifício do projeto com a presença de elementos de vegetação que acaba fazendo parte da arquitetura.
Têm sua estrutura em concreto armado aparente, as vedações em alvenaria recebem pintura branca. Nas esquadrias dos dormitórios existem venezianas móveis e guarda corpos metálicos vazados, ambos recebem pintura de cor amarela.
Deste modo, é interessante o olhar para esse prédio que já tem mais de 40 anos, como um belo exemplar da arquitetura local. Expressa a linguagem dos arquitetos, segue bem atendendo as necessidades da vida urbana e marcando a paisagem de Curitiba.
Sobre o escritório França e Parada Arquitetos (1973-1978), produziu projetos arquitetônicos muito expressivos, desde residências, edifícios e participando de concursos de arquitetura. Era composta por Carlos Emiliano de França, formado na turma de 1970 e por Sérgio Roberto Parada, formado na turma de 1973 no curso de arquitetura da Universidade Federal do Paraná. Ambos desenvolveram carreira acadêmica nos cursos de arquitetura da UFPR e PUC/PR. Além disso, também colaboraram no escritório do arquiteto Elgson Ribeiro Gomes.
Ficha Técnica
Local: Rua 7 de Abril, Curitiba – PR
Proprietário: Construtora Record LTDA
Data do Projeto: 1976
Área Construída: 3.129 m2
Arquitetos: Sérgio Roberto Parada e Carlos Emiliano de França
Fontes:
VIANNA, Fabiano Borba. Estudo e evolução do projeto de plantas de apartamentos de Curitiba: 1943-2004. Dissertação (mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011.
XAVIER, Alberto. Arquitetura Moderna em Curitiba. Pini Editora. São Paulo, 1986.
Fotografias: Acervo Arquiteto Sérgio Roberto Parada