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Uma jóia brutalista no bairro Portão

por Felipe Sanquetta

É fato que durante a pandemia, pudemos refletir sobre os espaços em que costumávamos frequentar, ainda mais as obras com uma excelente arquitetura.
Esperamos que esse período possa ser uma oportunidade para que ao conceber e construir no futuro, os projetos atendam a usos e ocupações da forma mais livre possível e possam receber novos usos, sem a necessidade de grandes intervenções. Nesse texto iremos abordar um projeto dos anos 1970, que originalmente foi concebido como um terminal de transporte e hoje é um dos principais espaços culturais da região sul de Curitiba.

Originalmente concebido como um conjunto de edifícios complementares que abrigavam unidades comerciais para o Terminal do Portão, o projeto foi implantado em uma localização que direcionou o crescimento da cidade.
Os terrenos estão associados cada um com uma praça, à leste está a Praça Desembargador Armando Carneiro e à oeste está a Praça Professora Hildegard Schmah. O projeto de 1979 do arquiteto Marcos Prado, previa a construção de dois blocos idênticos, conectados por uma passarela que passaria sob o terminal.

A primeira fase da construção foi limitada a somente um dos edifícios, sendo o bloco oeste executado, com previsão de que a segunda unidade fosse realizada no mandato da administração seguinte, o que sabidamente não ocorreu. Esse fato é relevante, pois com sua parcial execução e com o passar dos anos, o IPPUC reviu a utilização do edifício e com isso acabou ficando inativo durante anos. Já o terreno onde estava prevista a construção da outra unidade, foi incorporado a praça e recebe a feirinha de orgânicos do Portão às terças-feiras pela manhã.

Desta forma, foi inaugurado o antigo Centro Cultural Portão que deu novo uso a edificação como polo cultural funcionando de 1988 a 2005 quando passou por mais uma intervenção, sendo reaberto em 2012 com o nome de Portão Cultural. Atualmente o espaço abriga o MuMA – Museu Municipal de Arte de Curitiba, a Casa da Leitura Wilson Bueno, Centro de Arte Digital, o Cine Guarani, o Auditório Antônio Carlos Kraide, espaços de convivência e salas para cursos e projetos educativos.

Arquitetonicamente o edifício se organiza com um volume de planta livre e estruturado por arcos em concreto armado aparente que tocam o chão em 10 pontos de apoio. Possui um acesso para a Avenida República Argentina em frente ao terminal e em relação a Rua José Sikora, com a caída do terreno, é possibilitado o acréscimo de mais pavimento semienterrado com acesso independente para a praça e estacionamento, onde também está uma escultura da artista Tomie Ohtake inaugurada em 1996. Apesar da estética original de sua estrutura em concreto armado aparente ser preservada, recebeu intervenções como o envidraçamento de espaços livres e outras adaptações para atender os novos programas no edifício.

Por fim, sobre o arquiteto Marcos Prado, natural de Belo Horizonte, ele fez parte dos grupos que formaram os cursos de Arquitetura e Urbanismo da UFPR e da PUC/PR. Desenvolveu diversos projetos de mobilidade urbana pelo Brasil. Além de ativa participação nos órgãos de classe como o IAB e a CONFEA.

Fontes:
BERRIEL, Andrea.; SUZUKI, Juliana. Memória do Arquiteto: Pioneiros da
Arquitetura e do Urbanismo no Paraná. 2. ed. Curitiba: Editora UFPR, 2012. v. 1

XAVIER, Alberto. Arquitetura Moderna em Curitiba. Pini Editora. São Paulo, 1986.

Fotos por: Eduardo Sinegaglia @sinegaglia
Planta e Implantação do projeto: XAVIER, Alberto. Arquitetura Moderna em Curitiba. Pini Editora. São Paulo, 1986.

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