ORIGEM
A Telecomunicações do Paraná S.A. – Telepar, foi fundada em 1963 durante o mandato do governador Ney Braga.
Durante muitos anos, toda a estrutura de comunicações da concessionária permaneceu concentrada em um único edifício, o Palácio das Telecomunicações Presidente Arthur da Costa e Silva na avenida Manoel Ribas, nº 115.
Percebeu-se, então, que qualquer problema mais grave naquele prédio poderia deixar o Paraná sem meios de comunicação com os estados e países vizinhos e também entre as próprias cidades. Assim, surgiu a ideia de se construir uma torre não apenas para ampliar a capacidade de atendimento, mas principalmente para assegurar sua continuidade diante de algum imprevisto no edifício sede.
Nesse contexto, surgem os primeiros preparativos para construção da torre, ainda na década de 1980.
Em dezembro de 1982, a empresa adquiriu o terreno na esquina das ruas Jacarezinho e Professor Lycio de Castro Vellozo no bairro Mercês. O lote se mostrava ideal por sua elevada altitude de 940,50 metros, 2º ponto mais alto de Curitiba. Para tirar o projeto do papel, no entanto, foi necessário alterar a lei de zoneamento da região, que impedia a instalação da central telefônica e da torre naquela área.
Com essa finalidade, o Prefeito Maurício Roslindo Fruet encaminhou à Câmara Municipal um projeto de lei para modificar o zoneamento. Dessa forma foi aprovada a Lei nº 6.400 em 16 de junho de 1983.
A CONSTRUÇÃO DAS CENTRAIS TELEFÔNICAS
O complexo de comunicação surgiu a partir de um convênio firmado com a Embratel. Sua composição incluía a torre e dois edifícios para as centrais telefônicas, um para cada empresa.
Para a construção das centrais telefônicas, em 1986, a Telepar realizou uma concorrência, da qual se consagrou vencedora a construtora curitibana Saavedra Ltda. Esta etapa da obra foi de responsabilidade do engenheiro Uriel Gonçalves Coimbra e do arquiteto Valery Kalko.
Posteriormente, por divergência em relação ao pagamento dos reajustes, a Saavedra rompeu o contrato com a estatal, sendo necessário realizar outra concorrência para que os edifícios fossem finalizados.
Já para erguer a torre, além da alteração na lei de zoneamento, foi preciso chegar a um consenso com a Prefeitura e também com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC). O alvará de sua construção só foi emitido mediante a contrapartida de se construir um mirante no topo da estrutura. Com isso, buscava-se acrescentar mais uma utilidade a estrutura, criando um novo atrativo para os moradores e também para os turistas.
Vencida esta etapa, foi possível avançar na concepção do projeto.
O PROJETO DA TORRE
Participaram do desenvolvimento do projeto a empresa Concremat, de São Paulo, em conjunto com os engenheiros da Telepar.
De início, foi preciso definir se a torre seria metálica ou de concreto. Optou-se pelo concreto tendo em vista sua maior capacidade de carga para receber antenas, assim como para suportar o mirante panorâmico situado a 95 metros de altura. Além disso, o concreto apresenta vida útil maior do que as torres metálicas feitas de aço galvanizado.
Vale ressaltar que os engenheiros da Telepar já tinham experiência na construção de torres de concreto.
Assina o projeto o então gerente do Setor de Torres e Estruturas Metálicas, engenheiro civil Renato Roberto Johansson. A fiscalização e o acompanhamento do dia a dia da obra foi de responsabilidade do engenheiro civil Marcelo Stival, enquanto a estruturação da parte elétrica coube ao engenheiro eletricista Hatiro Tamaru, todos funcionários de carreira da estatal.
A CONSTRUÇÃO DA TORRE
Por meio de licitação aberta em agosto de 1988, dez empreiteiras apresentaram propostas para construção da torre. A Construtora Dell’Acqua, de São Paulo, venceu a disputa e deu início a construção no primeiro semestre de 1989.
Para sustentar a estrutura de 109,5 metros, a fundação conta com oito “tubulões” que adentram a uma profundidade de 23 metros. O volume de concreto usado nesta etapa corresponde a um edifício de dez andares.
Após finalizada a base, a concretagem do fuste – corpo da torre – era feita 24 horas por dia por meio de formas deslizantes, em turnos de 12 horas, sendo que no ápice da construção a cada um desses turnos a torre ganhava dois metros de altura.
Na época, a construção da torre representou a maior concretagem da história do Estado do Paraná.
A estrutura possui dois elevadores, um para serviços internos e manutenção e outro exclusivo para quem sobe até o mirante. Ambos apresentam velocidade maior do que os elevadores comuns, residenciais.
Logo abaixo do mirante estão distribuídas sete plataformas metálicas onde ficam instaladas diversas antenas.
Em razão do barulho causado pela obra, houve muita reclamação dos vizinhos. Em um dado momento a Prefeitura cogitou a interdição dos trabalhos. Porém, essa situação foi contornada com diálogo entre as partes de modo que a construção não chegou a ser paralisada.
Outra curiosidade é que mesmo antes da torre ficar inteiramente pronta, algumas dessas antenas foram instaladas para conectar municípios do interior do Paraná.
Durante as obras, em dezembro de 1989, o presidente da Telepar Fernando Xavier Ferreira explicou ao jornal Correio de Notícias que a nova estrutura seria capaz de atender a toda região sul do país, além de facilitar a comunicação com a Argentina e o Paraguai.
USO TURÍSTICO
Para consolidar o que foi acordado antes do início da obra, a Prefeitura e a Telepar assinaram contrato de comodato – empréstimo gratuito – para uso turístico da Torre em maio de 1990. Neste contrato, a Companhia cedeu o hall de entrada, o estacionamento, uma área para exposições e o mirante localizado no topo da estrutura que oferece uma visão da cidade em 360 graus. A Fundação Cultural de Curitiba ficou responsável pela administração do local e contou com apoio do IPPUC para desenvolver o novo ponto turístico.
A INAUGURAÇÃO
A inauguração oficial ocorreu em 17 de dezembro de 1991, depois de aproximadamente dois anos e meio de obras. A cerimônia foi liderada pelo então governador Roberto Requião e contou com a presença dos ex-governadores Paulo Pimentel e Ney Braga, que autorizou a criação da Telepar durante seu governo, em 1963.
A compra de equipamentos para implementar o serviço de telefonia móvel no Paraná seria autorizada pela Telebrás logo após a inauguração, passando a operar na torre a partir de setembro de 1992.
Foi em 1992, também, que se instalou no interior do mirante o painel de 50 m² formado por 96 blocos de concreto feitos pelo artista Poty Lazzarotto (1924 – 1998). O painel intitulado “As Comunicações” é uma síntese que apresenta elementos história de Curitiba em conjunto com a história da telefonia, e foi elaborado a fim de presentear a cidade que chegaria aos seus 300 anos em 29 de março do ano seguinte.
A PRIVATIZAÇÃO DA TELEPAR
Em agosto de 1995, a Emenda Constitucional nº 8 pôs fim ao monopólio do Estado sobre as telecomunicações. No ano seguinte, o governo federal deu início a privatização do sistema Telebrás.
A estatal paranaense foi absorvida pela Brasil Telecom em meados de 1998, mantendo a denominação Telepar até março do ano 2000.
Pouco mais de uma década depois, em 2009, a Brasil Telecom seria adquirida pela Oi S.A., que desde então passou a exibir sua logomarca no topo da edificação e a renomeou como Torre da Oi.
Texto disponível também no site predioscuritibanos.com
FICHA TÉCNICA
Nome: Torre da Oi, originalmente Torre da Telepar, também conhecida como Torre das Mercês
Ano de construção: 1989 ~ 1991
Engenheiros: Renato Roberto Johansson, Marcelo Stival, Hatiro Tamaru, entre outros.
Tipologia: infraestrutura urbana, telecomunicações
Construtora: Dell’Acqua e Concremat
Andares: equivalente a um prédio de 40 andares
Altura: 109,50 m – 17ª estrutura mais alta de Curitiba conforme o ranking que você pode conferir aqui.
Endereço: Rua Professor Lycio Grein Castro Vellozo, 191 – Mercês, Curitiba – PR, 80710-650
FOTOS
Curitiba do Passado (@curitibadopassado)
Renato Roberto Johansson
Rodrigo Félix Leal (@rodrigofelixleal1980)
Marcelo Araújo (@marcelo_araujo)
Aline Andreatta (@fotografeali)
FONTES
Secretaria Municipal do Urbanismo – Prefeitura Municipal de Curitiba
Renato Roberto Johansson, José Francisco Cunha e Uriel Gonçalves Coimbra
Material filmado em VHS pelo engenheiro Renato Roberto Johansson durante as obras, entre 1989 e 1991. Os vídeos foram digitalizados recentemente e se encontram disponíveis no canal do Youtube José Francisco Cunha, com a devida autorização de Giovane da Silva, Diretor Comercial da Oi Telecomunicações da Região Sul.
Telepar – a revolução das telecomunicações (2018). Livro elaborado pelo jornalista e advogado Walter Werner Schmidt, relações-públicas José Francisco Cunha, economista Paulo Arruda Bond, engenheiro eletricista Israel Kravetz e pelo industrial e empresário Wilson Raimundo Pickler
Astelpar – Associação dos Aposentados e Pensionistas do Setor de Telecomunicações do Paraná
Em março Telepar opera nova torre nas Mercês. Correio de Notícias. Curitiba, 16 de dezembro de 1989. Edição 178, p. 6. Biblioteca Nacional/Hemeroteca Digital Brasileira (BN/HDB). http://memoria.bn.br/docreader/325538_01/36667
Torre da Telepar vira um ponto de atração. Correio de Notícias. Curitiba, 29 de maio de 1990. Edição 11, p. 16. (BN/HDB). http://memoria.bn.br/docreader/325538_02/2164
Telepar inaugura torre e anuncia telefonia móvel em 92. Correio de Notícias. Curitiba, 18 de dezembro de 1991. Edição 205, p. 1. (BN/HDB). http://memoria.bn.br/docreader/325538_02/12487
Painel de Poty é inaugurado hoje na Torre da Telepar. Correio de Notícias. Curitiba, 25 de novembro de 1992. Edição 156, p. 8. (BN/HDB). http://memoria.bn.br/docreader/325538_02/19290