Do beiral pingam lambrequins rendados.
Estalactites de saudade?
Lágrimas do passado?
(MANOSSO, Radamés)
Em Curitiba, o uso de lambrequins nas residências data do final do século XIX. As edições subsequentes à de 1858 do Dicionário da Língua Portuguesa de Antonio de Morais Silva, definia lambrequim como sendo “ornato com recortes de madeira ou lâmina metálica para beirais de telhado, cortinas, etc..” Existem dúvidas quanto à origem da palavra, mas a hipótese mais aceita é que surgiu do neerlandês medieval. Lamperkijn seria o diminutivo de lamper, que significava pano, véu, (atualmente a grafia neerlandesa é lambrekijn).
De desconhecimento em desconhecimento, acreditou-se que os lambrequins eram uma prova clara da influência germânica ou italiana, pois os construtores alemães eram os mais ativos da cidade no final do século XIX. Mas como havia alemães e italianos em outras partes do Brasil, onde os lambrequins não eram tão triviais, a solução foi inventar genealogias que acabaram ligando os lambrequins aos poloneses. Ora, se a maioria dos poloneses que imigraram para o Brasil se estabeleceram na região de Curitiba, e como só em Curitiba todas as casas de madeira foram decoradas com lambrequins, o lambrequim só podia estar relacionado aos poloneses ou, pelo menos, esta seria a “origem mais provável”, sem que outras hipóteses fossem formuladas. E, assim, o modismo, que se transformou numa imposição legal, seria divulgado como uma particularidade cultural da arquitetura de Curitiba, influenciada por um grupo étnico.
Mas o erro historiográfico cometido pelos arquitetos curitibanos acabaria se revelando um acerto histórico. Aquilo que era uma infâmia, tornou-se uma honraria. Graças a esse erro, uma parcela da arquitetura de madeira de Curitiba escapou do furor destrutivo semelhante ao que ocorrera no início da década de 1950 quando, a imprensa exigia que as construções coloniais fossem extirpadas da urbe.
Fonte:
1.Site
www.lambrequim.net
2.Livro: Espirais de madeira: uma história da arquitetura de Curitiba. Autor:
Dudeque, Irã José Taborda Dudeque
Fotografias: Washington Takeuchi