ORGULHO FERIDO
“Irmãs soberanas, altivas e plenas, donas de um mar de horizonte infinito, anseiam guerra pelo posto adquirido, reclamam, travam lutas, em decisão final, batalha perdida.”
O Gemini marca a paisagem da região central com duas torres proeminentes e vistosas, implantadas numa ponta de quadra. No ano de 1973 é inaugurado como projeto do arquiteto Elgson Ribeiro Gomes, responsável também por edifícios presentes no entorno, como Itália e Provedor André de Barros. Além da altura, os prédios chamam a atenção pela composição que marca o bloco horizontal. Uma cortina de elementos vazados distribuídos ao longo do perímetro, fabricados à base de argamassa cimentícia, sustentados por tirantes internos. Acima, um conjunto de floreiras marcam o parapeito do nível do salão de festas.
O embasamento do edifício dispõe de dois pisos destinados exclusivamente para salas comerciais, ocupados atualmente por uma rede bancária, uma farmácia e uma academia localizada no piso superior. Frequentadores da região ocasionalmente percebem o volume alto das músicas que ditam o ritmo das aulas aeróbicas. O edifício marca uma importante transição entre uma zona mais tradicional e outra mais requintada, cortada pela Rua Visconde de Nácar, por onde passa a linha expressa de ônibus biarticulados.
A Rua 24 Horas, famoso cartão-postal curitibano, está a apenas uma quadra de distância, inaugurada pelo governo de Jaime Lerner, no ano de 1991, com projeto arquitetônico de Abrão Assad. As torres possuem vinte pavimentos cada, comportando oitenta unidades no total, sendo dois apartamentos por andar com generosos 190 m2 cada. Dois conjuntos de pilares com formato em “V” posicionados acima do bloco horizontal evidenciam a transição estrutural que sustentam os volumes principais, permitindo assim um menor número de pilares nas salas comerciais.
Na sua fachada foram empregadas esquadrias com montantes em madeira com partes móveis de correr em alumínio, assim como persianas plásticas de enrolar para controle da luminosidade. Em 2006, o lançamento de um arranha-céu com 32 andares posto à frente do terreno gerou grande desconforto aos seus moradores, principalmente porque impediria a vista de parte das unidades. Uma associação chegou a ser criada na tentativa de embargo da obra, porém o empreendimento quatro anos mais tarde foi levantado, inaugurando uma série de incorporações semelhantes pela região.
Ficha Técnica
- Nome: Edifício Gemini
- Ano de construção: 1968~1973
- Endereço: Rua Comendador Araújo, 98 Centro Coordenadas 25°26’02.7″S 49°16’37.9″W
- Arquiteto: Elgson Ribeiro Gomes
- Tipologia: Residencial com térreo usado para comércio
- Andares: 18 pavimentos em cada bloco
- Unidades por andar: 2 unidades de 190m² por pavimento em cada bloco
- Metragem: 17.545 m²
- Acessos: 1 acesso somente
- Estrutura: Concreto armado
- Esquadrias: Janelas com montantes de madeira e partes móveis basculantes e alumínio
- Revestimentos: Cobogós, madeira e alumiínio
- Fachada: Composta por pilares e vedações de vidro, seguidos de cobogós emoldurando o estacionamento e os blocos facetados pela modulação dos pilares de concreto e os montantes das janelas