O DONO DA CURVA
“Em traçado recurvado, correntezas convergem em encruzilhada, pedaço hostil e vivaz, amparado em vasta sombra, frontispício que se enverga e delineia jardins de concreto.”
Inaugurado em 1964, o Itália é um desses prédios que tem carisma, que agrada aos olhos. Um pouco pela posição estratégica que ocupa em ponto que circulam muitas pessoas, outro tanto pela beleza dos detalhes, pormenores do arquiteto Elgson Ribeiro Gomes.
O Edifício Itália vigia a Rua dos Chorões, conhecida pelos vários Salgueiros que percorrem o seu trajeto, emoldurando um belo cenário cortado pelo Rio Bigorrilho, um dos afluentes do Rio Ivo.
O prédio se encontra no cruzamento de ruas importantes da capital, mais especificamente no encontro das ruas Professor Fernando Moreira, Visconde de Nácar e Cruz Machado, região boêmia com vários bares pé sujos, abertos quase que o dia inteiro. No entanto, a uma quadra dali fica o Distinto Cavalheiro, bar com um público mais refinado onde a costelinha suína acompanhada de um chope paulista é pedida certa, uma mistura do chope claro com a espuma do escuro. Logo à frente, o recente Bistrô Barcelona atrai pelo cuscuz e pelas paellas.
Pela madrugada, o prédio fica a espreita em região que embala várias casas noturnas, atualmente relativamente mais tranquilo em relação a décadas passadas.
Uma das peculiaridades do arquiteto era o refinamento na escolha das cores de cada projeto. Segundo Carlos Emiliano França, que trabalhou durante anos com Elgson, as inspirações surgiam após consulta em um livro sobre a história do Egito, que tinha ilustrações com belíssimas combinações. No caso do Itália, foi escolhido um leve tom esverdeado predominante na fachada.
A passagem de um rio pelo lote justifica a utilização dos dois primeiros pavimentos para garagens. A parte térrea foi posteriormente cercada por grades, consequência dos assaltos frequentes na região.
Exclusivamente residencial, o prédio foi levantado pela construtora De Mari & Weber como um grande prisma, com uma de suas faces levemente curvada.
Alcançando uma altura de treze andares, dispõe de seis unidades de apartamentos por andar, com plantas compactas de dois e três dormitórios com um único banheiro, ideais para famílias pequenas.
As esquadrias possuem ventarolas independentes e a utilização de floreiras em linha qualificam a fachada do edifício. Lições essas aprendidas com seu mestre, Adolf Franz Heep, visíveis em projetos como o Edifício Ibaté e o Arapuã, na cidade de São Paulo.
Ficha Técnica
- Nome: Edifício Itália
- Ano de construção: 1961~1964
- Endereço: Rua Professor Fernando Moreira, 33 Coordenadas 25°25’53.3″S 49°16’43.6″W
- Arquiteto: Elgson Ribeiro da Costa
- Tipologia: Residencial
- Andares: 13 pavimentos
- Unidades por andar: 5 por andar
- Metragem: 8.183,72 m²
- Acessos: 1
- Estrutura: Concreto armado
- Esquadrias: Ferro
- Revestimentos: pastilhas hidráulicas
- Cores: Verde e branco
- Detalhes: Há um núcleo e serviço que é posicionado na fachada principal do edifício dimensionando na mesma medida os espaços de habitação.