O CONFRADE EXIBIDO
“Em território sagrado cito a multidão, olhares o rechaçam, miram o santo, companheiro fiel empluma-se esperançoso em pose berrante, em módicos momentos alcança, nivelam-se.”
Em 1847, o padre Antônio Teixeira Camello, responsável pela então igreja Matriz da cidade, deixava em testamento o terreno onde residia para a irmandade da Santa Casa de Curitiba. Sua intenção era transformar o bom prédio em que morava em um hospital de caridade.
Anos mais tarde o local deu origem ao edifício que leva o nome da Padroeira da Cidade, projetado pelo arquiteto Romeu Paulo da Costa com execução da construtora Surugi & Colli, no ano de 1940. A construção foi acompanhada pelo jovem Elgson Ribeiro Gomes, que aos dezoito anos trabalhava como apontador de obras, uma espécie de fiscal, e que alguns anos mais tarde, na qualidade de arquiteto e engenheiro, seria o responsável por vários prédios marcantes no skyline curitibano.
Enraizado na Praça Tiradentes, entre a Rua José Bonifácio e a Rua Saldanha Marinho, o lugar é um puro vai e vem, repleto de lojas populares, como brechós de roupas, distribuidora de doces, farmácias, e açougues. Quem frequenta a região, certamente já parou nas barracas que ficam logo em frente para comer um pastel de carne, vendido ao preço módico de dois reais, ou então parou em algum dos irresistíveis carrinhos de pipoca espalhados pela praça e que exalam bacon pelo ar.
O prédio não é nada discreto, além das cores chamativas, também compete em altura com o ícone religioso mais antigo da cidade.
Estruturado em sete pavimentos, com seis unidades por andar, foi construído com intuito residencial deixando o térreo para o comércio; no entanto, hoje boa parte de suas unidades está tomada por escritórios e prestadores de serviços. Internamente o prédio possui um fosso de iluminação que se abre para as áreas de serviço e circulação.
Pode-se dizer que a arquitetura do edifício marca um momento de transição, partindo do estilo art déco com sopros modernistas. Na fachada os elementos são contidos, balcões e varandas ressaltam e harmonizam com grandes esquadrias de madeira do tipo guilhotina.
A estética adotada é comum ao arquiteto, tendo sido abordada posteriormente também em outros exemplares, como nos edifícios Pizzato, Marumby e Ângela Perrone.
As cores laranja se renovam de quando em sempre, aparecendo em diferentes tons, provocando e marcando a pele do edifício. Seus usuários a todo instante fazem uso de faixas sinalizando suas atribuições, o que torna o prédio um grande outdoor provocante.
Ficha Técnica
- Nome: Edifício Nossa Senhora da Luz
- Ano de construção: 1940
- Endereço: Praça Tiradentes, 190 Coordenadas 25°25’44.8″S 49°16’18.6″W
- Arquiteto: Paulo Romeu da Costa
- Tipologia: Uso misto e residencial
- Andares: 7 pavimentos
- Unidades por andar: 6 apartamentos
- Metragem: N/I
- Acessos: 1
- Estrutura: N/I
- Esquadrias: Madeira