UM AGENTE CULTURAL
“Uma ruptura acontece quando passa-se ali, o corpo estaciona e o pescoço eleva-se, segundos de flerte e detalhes instigantes saltam aos olhos, claramente oriundos de outros tempos, enaltecem e indagam acerca da história deste lugar.”
Idealizado pelo então prefeito Cândido de Abreu, esse edifício surge após a demolição do Mercado Central no ano de 1912 para dar lugar à sede da Prefeitura Municipal de Curitiba, concluída em 1916 e permanecendo no local por mais de cinquenta anos, época em que recebeu o nome de “Paço”. Posteriormente o edifício chegou a funcionar como sede do Museu Paranaense por quase 30 anos, de 1974 a 2002. Depois de um período de abandono e obras de restauro o prédio renasce como um espaço cultural após a idealização de uma parceria do poder público com o Sistema Fecomércio/SESC.
A região conta com diversos casarões ecléticos, como a Casa Edith, que até hoje vende chapéus elegantes, e o Palacete Tigre Royal, antiga residência da família libanesa Fatush, hoje sede de um restaurante popular. O Mercado das Flores é um convite para tomar um cafezinho e apreciar a paisagem. De forma geral, o entorno é tomado pelo comércio, onde é possível encontrar de tudo um pouco, lojas de calçados, brechós, revistarias, loja de artigos militares, quiosques e até máquinas de sorvete italiano.
A entrada principal do edifício acontece pela Praça Generoso Marques, em frente à estátua do Barão do Rio Branco, monumento que dá boas-vindas para aqueles que chegam da antiga ferroviária. Um segundo acesso acontece no extremo oposto por um charmoso café, com entrada pela Praça José Borges de Macedo, onde é possível contemplar uma outra escultura junto a uma fonte, obra do artista plástico Erbo Stenzel, com nome de “Água pro morro”.
O edifício é uma construção inspirada nos estilos eclético e art nouveau, como percebido nas linhas orgânicas das molduras das esquadrias e nas grades em ferro, assim como no fechamento da cobertura em formato de cúpula, a qual abraça todo o perímetro. Além disso, o prédio conta com simbolismos arquitetônicos, como os dois Hércules que sustentam a fachada principal, um de aparência jovem representando o poder executivo e um mais velho, na figura do legislativo, encimados por uma figura feminina, que representa “Curitiba”, a cidade personificada. Com quatro pavimentos, despertou a implantação do primeiro elevador da cidade. Por esses motivos, sua construção é considerada um patrimônio cultural nacional, tombado em todas as instâncias, considerado o primeiro grande prédio da cidade.
Ficha Técnica
- Nome: Paço da Liberdade
- Ano de construção: 1914~1916
- Endereço: Praça Generoso Marques / Mercado das Flores – Coordenadas: 25°25’46.66″S 49°16’11.73″W
- Arquiteto: Roberto Lacombe
- Tipologia: Centro Cultural
- Andares: 4 pavimentos
- Unidades por andar: N/E
- Metragem: 500 m2
- Acessos: 4 acessos, sendo 2 públicos
- Estrutura: Alvenaria de tijolos, e em três pavimentos e cobertura em quatro águas
- Esquadrias: Madeira
- Detalhes: Ecléticos e Art Nouveau
Fotografias: Washington Takeuchi